Comemorado nesta quarta-feira (11), o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física foi instituído para promover a conscientização sobre a ações permanentes que garantam a qualidade de vida e os direitos dessa parcela da população. Objetivos que ainda estão distantes de serem amplamente alcançados. Conforme dados do IBGE, essas pessoas têm menos acesso campos essenciais como o mercado de trabalho e a educação. Realidade que em Pelotas não é diferente.

Como aponta o levantamento mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, no País, o nível de ocupação das pessoas com deficiência é de apenas 26,6%. A dificuldade de inclusão também encontrada no Município é tema de reivindicações constantes da Associação dos Deficientes Físicos de Pelotas. Prestes a completar 25 anos de atuação, a questão é uma pauta central desde 1999. Conforme explica o presidente, Carlos Rodrigues, a entidade tenta manter contato constante com o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região para o encaminhamentos como a fiscalização do cumprimento das cotas estabelecidas pela Lei 8.213 de 1991.

Mesmo assim, as barreiras na obtenção de uma vaga de emprego ainda são persistentes. Trabalhando há nove anos em uma loja de departamentos, a Francine Silva, 30 anos, com deficiência na coordenação motora, percorreu um longo caminho até conseguir o cargo, o que, conforme ela, também só foi alcançado com o auxílio da Associação. "Mandei o currículo para lá e eles encaminharam para as empresas, mas foi muito dificil", diz. O primeiro emprego foi em uma farmácia. No entanto, após dois anos a atendente foi demitida. Nesse período foram quase três anos de tentativa até conseguir a reinserção no mercado de trabalho. "É muita dificuldade, embora eles falem que há inclusão, não é a realidade".

Francine conta que desde que foi empregada na loja, ela teve evoluções consideráveis em questões motoras como a fala e a movimentação física. "E eu continuo, já fui até liberada da fonoaudióloga". O progresso também motivou a mulher a concluir a formação educacional. Devido à falta de assistência e acessibilidade, ela saiu da escola na 5ª série do Ensino Fundamental. "Do pré até o quinto ano eu tinha apoio do colégio. Mas agora estou terminando o Ensino Médio".

De acordo com dados do Pnad, no país 55% das escolas de Ensino Fundamental estão adaptadas para alunos com deficiência.

Dificuldades para o cumprimento de demandas básicas
Dentre as primeiras reivindicações da Associação dos Deficientes Físicos de Pelotas, há 25 anos, foi a adaptação do transporte coletivo e maior acessibilidade para a mobilidade urbana. "Tivemos uma atuação muito forte para que os veículos adaptados viessem à tona", diz. Ao fazer uma retrospectiva das ações da entidade, o presidente relata que em 2023 muitas demandas ainda são as mesmas e que um dos motivos para a falta de inclusão e a dificuldade de aproximação com os órgãos públicos. "Tem coisas que poderiam evoluir muito mais e por isso não conseguimos, temos dificuldade no diálogo". A acessibilidade viária é uma das questões mais básicas que Rodrigues exemplifica como um problema que necessita de atenção. "É uma coisa tão simples, mas ao mesmo tempo a articulação sobre isso com o poder local é difícil". Além das ausências nas estruturas existentes, ele destaca que ainda há falta de manutenção.